O hormônio da luta e fuga: como ele pode atrapalhar (ou ajudar) nos seus estudos para concursos

adrenalina e memoria

Você já percebeu como o corpo reage em situações de pressão? Antes de uma prova, de uma entrevista de emprego ou até mesmo de falar em público, é comum sentir o coração acelerar, a respiração ficar mais rápida e a mente disparar em mil pensamentos. Essa resposta natural tem um responsável: a adrenalina, um hormônio que é liberado quando o corpo entende que está diante de um desafio.

No universo dos concursos públicos, esse hormônio pode ser tanto um aliado quanto um obstáculo. Ele é capaz de aumentar a energia, a disposição e a atenção, mas, se estiver em excesso, pode prejudicar a memória e atrapalhar o raciocínio. Entender como funciona a adrenalina e de que forma ela impacta nos estudos e nas provas é essencial para transformar o estresse em uma força positiva a favor da sua aprovação.

luta e fuga: o que é esse hormônio?

A adrenalina, também conhecida como epinefrina, é produzida pelas glândulas suprarrenais, que ficam logo acima dos rins. Esse hormônio é liberado em situações em que o corpo interpreta que há risco ou necessidade de agir rapidamente. Ele prepara o organismo para lutar ou fugir, aumentando a frequência cardíaca, melhorando o fluxo de sangue para os músculos e deixando os sentidos mais aguçados.

De forma simplificada, podemos pensar na adrenalina como um acelerador interno. Quando ela aparece em pequenas doses, dá aquele impulso extra para enfrentar desafios e se manter alerta. No entanto, quando a quantidade é muito alta e se prolonga por muito tempo, o efeito deixa de ser positivo e passa a sobrecarregar tanto o corpo quanto a mente, o que é perigoso para quem precisa manter concentração nos estudos.

Adrenalina e memória: amiga ou inimiga?

Quando ajuda

Em níveis controlados, a adrenalina pode ser uma grande amiga da memória. Ao aumentar a atenção, ela ajuda a pessoa a se concentrar no que realmente importa, ignorando distrações. Isso faz com que os conteúdos estudados em momentos de foco sejam mais bem gravados pelo cérebro. Além disso, esse hormônio estimula regiões como a amígdala cerebral e o hipocampo, que são diretamente responsáveis pelo armazenamento de lembranças.

Isso significa que, em situações desafiadoras — como ao revisar um conteúdo importante ou treinar com provas cronometradas —, a adrenalina pode fortalecer o aprendizado. Nesse caso, o corpo entra em um estado de alerta positivo, em que cada detalhe estudado tem mais chances de ser consolidado na memória de longo prazo.

Quando atrapalha

Por outro lado, o excesso de adrenalina pode ser prejudicial. Quando os níveis ficam muito altos, principalmente em conjunto com o cortisol (outro hormônio ligado ao estresse), ocorre uma espécie de bloqueio no funcionamento da memória de curto prazo. Esse é o famoso “branco na prova”, quando o estudante sabe o conteúdo, mas simplesmente não consegue se lembrar.

Além disso, o excesso de estresse atrapalha o raciocínio lógico, diminui a clareza mental e pode gerar sintomas físicos como tremores, suor frio e taquicardia. Tudo isso interfere diretamente no desempenho, tanto durante os estudos quanto no momento da prova, transformando um aliado natural em um grande inimigo do aprendizado.

Como isso impacta os estudos para concursos

Durante os estudos

Quando a adrenalina está presente em pequenas doses, ela pode ser um empurrão extra para manter a disciplina. Por exemplo, estudar com um prazo em mente ou simular uma prova com tempo cronometrado gera um pouco de pressão, mas esse estresse leve ajuda a memorizar melhor o conteúdo. Nesse caso, o hormônio atua como um reforço para a motivação e para a consolidação da memória.

O problema surge quando o estresse se torna crônico, ou seja, quando a pessoa está constantemente ansiosa e pressionada. O corpo passa a liberar adrenalina e cortisol em excesso todos os dias, e isso causa fadiga, dificuldade de concentração e até esquecimento. Nesse cenário, os estudos ficam mais pesados, menos produtivos e o aluno sente que, por mais que se esforce, não consegue avançar como gostaria.

Durante a prova

Na hora da prova, o equilíbrio faz toda a diferença. Uma quantidade moderada de adrenalina mantém o candidato em alerta, com a mente rápida e mais focada para interpretar questões complexas. Esse “estado de prontidão” pode ser um diferencial importante para se sair bem.

Mas quando os níveis são muito altos, o corpo reage de forma exagerada. O coração dispara, a respiração fica curta e a mente trava. Em vez de ajudar, o hormônio atrapalha, trazendo sintomas de nervosismo intenso e aumentando as chances de esquecer conteúdos importantes. É nesse momento que muitos candidatos relatam sentir que “sumiu tudo da cabeça”, mesmo tendo estudado bastante.

Estratégias para controlar a adrenalina e usar a seu favor

1. Simule a pressão da prova

Treinar em casa como se fosse o dia real da prova é uma das melhores formas de ensinar o cérebro a lidar com a adrenalina. Resolver provas anteriores cronometradas e em ambiente silencioso ajuda a tornar a experiência familiar, reduzindo a ansiedade no dia do concurso.

2. Respire fundo

Exercícios de respiração profunda ou técnicas de mindfulness ajudam a acalmar o sistema nervoso. Dedicar alguns minutos antes ou durante os estudos para controlar a respiração pode evitar que a adrenalina chegue a níveis prejudiciais.

3. Durma bem

O sono é fundamental para consolidar memórias e equilibrar os hormônios do estresse. Estudar até tarde pode até dar a sensação de que se está aproveitando melhor o tempo, mas na prática prejudica a retenção de conteúdo e aumenta os níveis de adrenalina e cortisol no dia seguinte.

4. Mexa o corpo

A prática de atividade física regular é um regulador natural do estresse. Caminhadas, corridas leves ou esportes ajudam a reduzir a adrenalina acumulada e aumentam a liberação de endorfina, que gera sensação de bem-estar.

5. Confie no seu preparo

A confiança é uma das armas mais poderosas contra o estresse. Quanto mais o candidato se dedica e se organiza nos estudos, menor é a chance de a adrenalina em excesso atrapalhar no dia da prova. A segurança no próprio esforço é um antídoto contra o medo e a ansiedade.

Conclusão

O hormônio da luta e fuga faz parte da nossa biologia e não pode ser eliminado. Ele está presente para nos proteger e preparar para desafios, mas a forma como lidamos com ele define se será um aliado ou um obstáculo.

Com estratégias simples — como treino sob pressão, controle da respiração, sono adequado e prática de exercícios — é possível equilibrar a adrenalina e usar essa energia a seu favor. Assim, em vez de ser dominado pelo nervosismo, o candidato transforma o estresse em motivação para alcançar a tão sonhada aprovação no concurso público.

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